Sinal Amarelo

 

Espaço locomotivo. O combustível é a poesia
e os poetas maquinam os seus versos.

Faço de mim estação e das linhas que crio, encarrilho amizades de poetas como Dalmo Saraiva, Maria Amélia Costa, Rosane Carneiro, José Terra e Helena Ortiz.

Em comum nossas estrofes são vagões. E nos nossos destinos diversos, saimos dos trilhos para mostrar na fala, no movimento, na palavra escrita a nossa poesia.

Aperto o botão e sinalizo como registro a minha fala e palavra. E libero o sinal verde as linhas e faces desses poetas, para que fluam como um trem bala "internauticamente" corações

 

 


Dalmo Saraiva

Performático Poético - Parafernálico da Palavra
A Palavra traduzida em Personagens.
Seu 1º livro "Urubu" - Poesia 
- Editora Ibis Libris - 2004


VIAGENS DOS GENS

Os meus gametas circulam
No meu corpo lentamente.
Fazem traços em curvas
Numa rotação de planetas.
Traçam rotas dos pés a cabeça
Mas quando passam pelo o meu peito
Aliviam a minha meta
De sorrir ou de chorar.
Eles se misturam
E nadam no meu sangue latino
E vão para os meus braços
Como se fossem os vales andinos
E encontram os meus cromossomos
Seguindo viagem levando os meus gens
Para as minhas veias quentes
Devolvendo para as minhas artérias
O calor da descoberta
Que se abre tão de repente
Fazendo do meu corpo
Um itinerante de passagem.

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A
A VELA

A vela arde
contrita
na própria alvura
como corpo vivo
o órgão de corda
em mecânica simples
anima a luz.
No corpo de cera
a linha tesa
equilibra o fogo
dentro do próprio corpo
perfeita ampulheta
destino do fogo
animar e consumir
a própria carne.
A vela arde
contrita
na própria alvura
como corpo morto
algo escapa
fogo fugidio.

Maria Amélia Costa

Poeta e atriz


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Rosane Carneiro

Poeta e jornalista
Livro Excesso
Edição da autora 1999
Livro "Prova" - poemas, 
Editora Ibis
Libris - 2004.


L
IBÉRULA

Um pterodáctilo atravessou o quarto

transformando-se em libélula

Prefiro também assim

ser o mar

do início da Terra

o chão da descoberta

começo em amplidão

contrário e verso do não

que fecunda toda quimera

Voam pelo meu teto

eu, gestação de sentidos,

espero

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COMPANHEIRA

De nossas infâncias pobres e tristes
sobreviveremos.

Eu e a mulher que amo.

E no labirinto da pátria que habitamos
nos perdemos diariamente.

Para nos encontrarmos ao pôr do sol,
quando as luzes se apagam,
os galpões escurecem,

E o dia operário desponta na luminosidade
da lua
no transbordo das marés.

Sonhar com ela ao meio-dia
E ao lado dela, à noite
Sonhar com os anjos.

José Terra

Poeta - Membro da Academia Gonçalense de Letras (AGLAC) e da Associação Niteroiense de Escritores (ANE)
1 - Avenida Brasil ´´poemas`` - 2002; 
      Kroart Editores
2 - A voz do Poema - 2004;
      Editora Selo São Gonçalo Letras

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Helena Ortiz

Poeta e jornalista, organiza desde 1996 o PANORAMA DA PALAVRA, mostra semanal de poesia, no teatro Cândido Mendes, e edita o PANORAMA - jornal mensal de literatura.
Livro: Em Par - Edição da Palavra - 2001


TANGO

mais que tua mulher
tua mãe tua cama
tua mais íntima coisa
manda o aviso
desde o suor da véspera
até a noite interminável
de alucinação

o corpo é um torturado
que retorna à cela
acordas ferido
sem forças para seguir
o fio do pesadelo
teus olhos sobressaltam
as causas do teu mal suspeito

olho-te tão jovem
sofro tanto por estares tão pequeno
a pensar que não te enganas
olho teu corpo que me acena
e desanima
não vês que ele suplica
que o percebas

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