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POETA
Eu
sou o poeta...
Talvez diferente de muitos
já conhecido por você.
Mas eu sou poeta...
Aquele que não fala ou fala...
Aquele que não olha ou olha...
É
eu sou poeta...
No centro olhando os cantos
em um dos cantos
vendo o centro
e os outros cantos.
Felizmente
eu sou poeta...
Não me cobre por isto.
Nasce uma flor...
Nasce um pássaro...
Nasce uma criança...
E tudo surge:
a água, o vento e o poeta...
Eu sou a poesia.
Eu sou a poesia.
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TELEFONE

Já
pensou
se de cada dedo
pulassem versos.
E de cada verso
vida.
De
cada vida
um corpo.
A cada dedo
desses corpos:
versos, versos, versos,
versos, versos, versos
Uma
unha pintada
não seria vaidade;
seria talvez
uma referência
de um fragmento ou verso,
de alguém que tivesse
lido e gostado.
É!
Pensando assim
a acetona
seria o maior desastre.
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VENTO
NOTURNO

Talvez
eu seja
o maior homem do mundo,
maior que os seus pensamentos.
Quem
sabe
Seria eu o menor da terra,
minúsculo que nem um grão.
Sou
a amorosidade
que vem no vento noturno
que está no sopro
da sua consciência;
que se vai
Como se fosse vento.
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MAR(IA)

Dentro
de Maria
mora o mar.
Ondas
sobem
Ondas descem.
Ondas vão
Ondas vem.
Ondas nascem
Ondas morrem.
Ondas praias
Pairam Maria.
Onde ondas,
mar(ia).
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VENTO
Venta
elogio
que sopra uma casa magoada,
num tempo onde o chuvisco
é a depressão.
A
angústia se vende
por um prato de alegria.
Vento
passa
e no seu sopro elogio some
ao som da última palma.
A
mágoa
se desquita da tristeza
e vai morar num sorriso
no bairro coração
na cidade corpo.
E
no calor da vida
dissolve com o tempo
a depressão, que acampa
numa história entrando em cena,
marcando uma sina
sem previsão de epílogo.
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ELA

Fiz
um sanduíche de beijos
e ofereci a uma mulher
que morria de amor.
Ela
pediu
que recitasse
a essência da minha atitude,
então falei uma poesia.
Ao
terminar,
ela sorriu
e morreu nos meus braços.
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CONVIVÊNCIA
Luz...
Broto de uma clareza
transparência de um fato
responsabilidade na terra
através da percepção e reflexo.
Irrealidade
visual...
Sonhos...
Sonho.
Refeição
de idéias.
Restos: Espinhas e ossos.
Digestão cotidiana;
convivência.
Está
posta a mesa no tempo.
Onde os pratos variam
entre poesias e pensamentos.
SIRVAM-SE!
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ROTINA

A
lua
se esconde,
estrelas desaparecem,
o pássaro canta.
O
sol
entra sala a dentro
e o relógio dispara;
o sono se despede
acordo.
Saio.
Como se fosse
um robô,
caio na rotina.
As
coisas
que antes havia citado,
somem por trás
dos meus ombros.
Pego
um ônibus cheio,
por estar cheio de tudo
e eu de todos
não percebo
quem levou minha carteira.
Uma
bala perdida
atinge o poema.
He-mor-ra-gia!
Sinal vermelho.
Freio!
Como um coração
que anuncia
sua última batida.
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VELAS
ACESAS

Cada
vela uma palavra...
Cada palavra uma chama...
Cada chama uma experiência...
Cada experiência uma etapa...A cada etapa:
um tapa,
uma vela,
uma chama,
um sopro.
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RELUZIR

Nasce
um poema
de poucas letras.
Meio entre café, cigarro e fósforos.
Na
calçada da realidade.
Olhos, cospem lágrimas
que seguem o meio-fio.
O
futuro infantil desassistido.
Invade as ruas, as praças
e as vitrines dos olhos.
Quem
sabe as inevitáveis
balas perdidas;
atinjam paredes
e não mais corpos.
E
que o reluzir nas noites,
seja dos vagalumes
e não mais dos fuzis.
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PULSAÇÃO

Avenida-coração
que tentamos
atravessar por debaixo
da passarela,
correndo o risco de
sermos atropelados pelo tempo.
Lágrimas
que afogam as meninas,
pulsação estremecendo um corpo...
Final de uma esperança.
Explosão de uma história.
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BRILHO
TRISTE

No
momento
em que a tarde caía,
lá estava
uma mulher...
Transvestida de fada
onde trazia na sua vontade;
"por hora",
um só pedido.
A
avenida principal
dos seus olhos;
invertem:
papéis, personagens, histórias.
Transformam em sonhos
e dormem tranqüilamente,
sem culpa.
Nos
seus olhos-avenida
vão deslizando
um brilho triste
de uma imagem
que se diz poética.
Onde uma lágrima
fina de sangue
me corta a carne,
sua carne,
adormecendo o que é de fato.
Despertando o que foi de fato.
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DANÇATRIZ

Ver
no fechar dos olhos
a receptividade energética,
clara quanto o sol....
Em ciclos como a lua...
Perceber
no entender
a alegria dançatriz
de um corpo,
passo a passo
na busca da sua integridade.
Acompanhar
o amor de um ser
pelo mesmo
e a multiplicação desse ato
a cada segundo.
Sentir
a essência dessa atitude
se espalhar para aquele
que se aproxima
da calçada de sua vida.
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RACIONABILIDADE

O
mecanismo invade
meus passos,
meus toques,
meus gestos e atos,
mexendo com a minha
estrutura interna.
O
coração vai à cabeça,
cérebro ao peito
e o corpo reage
dentro dessas contradições.
Meu emocional
se entrelaça com a minha
racionabilidade.
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EMERSÃO

Sou
um peixe no tempo
que nado dentro
de mim mesmo
querendo a emersão
na realidade,
onde as frases bonitas
e profundas,
poéticas ou não,
soltas no ar,
serão sempre as iscas
entre os anzóis da vida,
que me fisgam
e pescando do meu mundo irreal.
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MAR

Sinto
dentro do corpo
um mar de sentimentos.
Tento canalizá-lo
para a garganta
e expressá-lo em palavras.
Não
consigo.
É muita água...
É muito sentimento...
Peço
que entenda mais,
do que possa perdoar...
Você
não imagina...
O que sinto
quando o mar
que carrego
entra em ressaca.
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A
PIPOCA

Era
uma vez um grão de milho, que no calor da panela a metamorfose
o transformou em pipoca.
Do
monte foi a primeira que estourou, pulou e dispersou.
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Na
sua fuga calorosa, envolveu-se na poeira e com o auxílio do vento
que vinha da janela, sai da cozinha, passando pela sala, ganhando mais
um cômodo e desaparece rumo ao telefone.
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Com
isso, não se fez presente no tigelão da mesinha do centro
e nem participou do ritual pipocante da sessão
da tarde.
Há
comentários que foi vista embaixo do sofá da sala. Dizem
até, que teve ajuda de um chinelo e que hoje se encontra na rua,
presa no meio-fio de uma calçada qualquer.
Mas
são só comentários, nenhuma evidência.
Para
maior tranqüilidade, devo citar mais um dado, sem comprometer as
investigações. Já existe o retrato falado. E mesmo
que essa história acabe aqui, ela será encontrada, quente
ou fria. Salgada ou doce.
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VAGALUME

O
vagalume
vaga
na sua própria luz
e desconhece
o ponto comum
da história.
O
tempo passa
e nem se importa...
A porta fecha
e o vagalume
vaga.
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FIM

O
sonho
se transforma em nuvens...
Silêncio.
Uma
resposta
surge como raio
atingido o núcleo
da expectativa.
A
vontade
se confunde com o temporal
e sua água ou chuva,
desce pelo ralo ou meio-feio
sem retorno,
fim.
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DESÂNIMO

Talvez
pus,
talvez sangue.
Quem sabe vida,
quem sabe morte?
Cinzas
do desânimo
viram adubo e vitamina
e viajam nas veias
da persistência.
Como um trêm do metrô
a vomitar pessoas.
No
ir e vir
das atitudes,
chovem palavras e sonhos
que passeiam no tempo
a cada milésimo de segundo;
fincam, ficam, voam...
Que
a sina das entrelinhas,
seja mina
da vontade doce e amarga
de um prosseguir.
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COLA

Na
onda da cola
menor se vende
menor se isola.
Colam-se
na pastosidade
da metrópole agressiva,
cuspindo violência.
É a frieira social!
Que
mude
a forma e a essência
desse presente relâmpago;
porque o futuro
é questão de segundos.
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